Mais instrumentalizações de princípios

O racismo é horrível, toda a gente sabe. E o racismo positivo, i.e. o uso da “raça” ou da cor de pele para obter efeitos positivos (como se faz nesta peça do Público acerca da “raça” de António Costa) será o quê? António Costa é um dos mais importantes políticos portugueses. Já foi ministro. Já foi eleito duas vezes presidente da câmara de Lisboa. Não é um jovem indiano que agora comece carreira numa sociedade profundamente racista e hostil. Nunca a sua origem indiana foi obstáculo para esta carreira bem sucedida. Quem não é racista simplesmente ignora a questão, porque ela não é relevante para absolutamente nada.


Instrumentalizar princípios

A semana passada já estava tudo condenado com os Vistos Gold, e ainda faltavam os submarinos do Portas, assim como a Casa da Coelha e o BPN do Cavaco. Esta semana já é tudo uma arbitrariedade policial e judicial. O que é importante já não é saber se foi ou não cometido um crime. É a brutalidade da justiça. O uso instrumental de princípios fundamentais é uma das mais graves formas de degradação intelectual e civilizacional. Depois dizem que o regime está em perigo. Com protaganistas destes não admira.


O banco bom, o banco mau e o banco vilão

É capaz de tudo não ter passado de um cheque em banco.


Crise crónica

Eh pá, já não sei o que dizer.


BEStial

Acções do BES suspensas. Não há nenhuma agência do BES aqui ao pé. Alguém me sabe dizer se já há bichas à porta? Talvez se percebam agora melhor as declarações do primeiro-ministro em Março sobre a capacidade do Governo para “intervencionar bancos” a fim de evitar uma “crise bancária” – de facto, cheirava a esturro. É bom o cheiro a Chipre pela manhã?


Grandes Maduros

Já vimos muita coisa. Agora fomos apresentados à via chávista para a salvação do capitalismo português, uma vez que, aparentemente, a via dos-santista não chega. Coisas do Caracas.


A União Europeia é um Vulcano

Há quem diga que os assuntos da União Europeia não aquecem nem arrefecem. Mas agora que o presidente da comissão é um sujeito com nome de esquentador, a ver se não vão aquecer: David Cameron, por exemplo, diz que a tarefa de manter o Reino Unido na UE ficou mais difícil.


Tó e Tó

Quem se mete com o PS, leva! Incluindo o próprio PS: “reunião entre socialistas acaba em confrontos físicos”.


Os filipes voltaram

A questão é: sem monarquia, a Espanha manter-se-ia unida? E a outra questão é: mesmo com monarquia, vai manter-se?

Na assunção do trono, Filipe VI disse perante as Cortes:

En ese marco de esperanza quiero reafirmar, como Rey, mi fe en la unidad de España, de la que la Corona es símbolo. Unidad que no es uniformidad, Señorías, desde que en 1978 la Constitución reconoció nuestra diversidad como una característica que define nuestra propia identidad, al proclamar su voluntad de proteger a todos los pueblos de España, sus culturas y tradiciones, lenguas e instituciones. Una diversidad que nace de nuestra historia, nos engrandece y nos debe fortalecer.

En España han convivido históricamente tradiciones y culturas diversas con las que de continuo se han enriquecido todos sus pueblos. Y esa suma, esa interrelación entre culturas y tradiciones tiene su mejor expresión en el concierto de las lenguas. Junto al castellano, lengua oficial del Estado, las otras lenguas de España forman un patrimonio común que, tal y como establece la Constitución, debe ser objeto de especial respeto y protección; pues las lenguas constituyen las vías naturales de acceso al conocimiento de los pueblos y son a la vez los puentes para el diálogo de todos los españoles. Así lo han considerado y reclamado escritores tan señeros como Antonio Machado, Espriu, Aresti o Castelao.

En esa España, unida y diversa, basada en la igualdad de los españoles, en la solidaridad entre sus pueblos y en el respeto a la ley, cabemos todos; caben todos los sentimientos y sensibilidades, caben las distintas formas de sentirse español. Porque los sentimientos, más aún en los tiempos de la construcción europea, no deben nunca enfrentar, dividir o excluir, sino comprender y respetar, convivir y compartir.

(…) Muchas gracias. Moltes gràcies. Eskerrik asko. Moitas grazas“.

Muito obrigado.

 


Testes psicotécnicos

Por mero acaso (por estar a conduzir com o rádio ligado àquela hora) ouvi hoje parte do famoso “Fórum TSF”. Segundo percebi era sobre o “estado do país” e como melhorar a sorte do dito. Por entre as cantilenas do costume (de que era preciso resolver “a crise de valores”, de era preciso fazer “a reforma do Estado”, de que era preciso fazer “as reformas estruturais”, de que era preciso “eleger António José Seguro como líder do PS”) alguém disse que o que era preciso era os candidatos a governantes serem sujeitos a “testes psicotécnicos”. Isso mesmo, “testes psicotécnicos”. É um disparate? Não serve para nada? Pois, mas pelo menos é muito original, e há-de ter tanto efeito quanto as outras cantilenas.